A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira que é contra a anistia de policiais militares que praticaram crimes durante a greve na Bahia.
Na noite de ontem, o "Jornal Nacional" divulgou áudio em que o líder da greve da PM baiana, o ex-policial Marco Prisco, combina ato de vandalismo com outro grevista. O interlocutor de Prisco diz que vai "queimar viatura" em rodovia. O líder responde: "Fecha a BR". Prisco afirmou que a conversa é uma montagem e que o objetivo era "lotar" a estrada com manifestantes.
A presidente argumentou que reivindicações devem ser consideradas legítimas, "mas há formas de reivindicar". "Nós não consideramos que seja correto instaurar o pânico, instaurar o medo, criar situações que não são aquelas compatíveis com a democracia", afirmou. A presidente disse ter ficado "estarrecida" com o diálogo.
"Por reivindicação eu não acho que as pessoas têm que ser presas, nem de ser condenadas. Agora, por atos ilícitos, por crimes contra o patrimônio, crimes contra as pessoas e crimes contra a ordem pública não podem ser anistiados", afirmou Dilma hoje durante visita a obras da Transnordestina no Estado de Pernambuco.
"PAÍS SEM REGRA"
"Se você anistiar [todos os casos], vira um país sem regra", completou.
"Não concordo em alguns casos, de maneira alguma, com processo de anistia que parece sancionar qualquer ferimento da legalidade. Não concordo, não vou concordar", disse a presidente. "Vai chegar um momento que vão anistiar antes do processo grevista começar."
Tropas do Exército entram no prédio da Assembleia após grevistas deixarem o local |
DEPUTADA
A deputada estadual Janira Rocha (PSOL-RJ) --a mulher que conversava com o cabo Benevenuto Daciolo em gravação divulgada ontem-- afirmou que pretendia garantir a anistia dos líderes grevistas na Bahia.
No diálogo divulgado, ela afirma estar "errado fechar a negociação [na Bahia] agora antes da greve do Rio".
Segundo Rocha disse à Folha, ela diz que uma greve no Rio mudaria a "correlação de forças" e obrigaria os governos a anistiarem os militares que iniciaram a paralisação.
"Disse a ele que, se o objetivo é garantir os dirigentes, o que está certo, não é a melhor coisa negociar nesse momento. A correlação de força não está favorável. Se houver greve no Rio e em outros Estados, a correlação de forças muda e fica mais fácil garantir a liberdade dos dirigentes", disse ela, na manhã desta quinta.
O cabo foi preso administrativamente na noite de ontem assim que desembarcou no Rio de Janeiro, vindo da Bahia, pela Corregedoria do Corpo de Bombeiros, acusado de incitar o movimento.
Após a prisão, o cabo Daciolo foi foi transferido para o presídio de Bangu 1, na zona oeste do Rio. De acordo com os bombeiros, a medida foi tomada para evitar uma possível invasão da Quartel General da corporação, para onde o cabo havia incialmente sido levado.
FOLHA
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