Entrevista de delegados e promotores sobre o caso F Gomes em Caicó
O dia 08 de maio de 2012 ficará marcado na memória de caicoenses e demais potiguares como a data em que foi finalmente revelado, esperamos que em definitivo, o modus operandi de um assassinato que comoveu o RN. Estamos falando da maneira brutal como foi tirada a vida do radialista Francisco Gomes de Medeiros, o F. Gomes. Muitas e inacreditáveis revelações vieram à tona no dia de hoje. Para que possamos entendê-las, faz-se necessário voltarmos no tempo, mais precisamente ao dia 18 de outubro de 2010. F Gomes estava em frente a sua casa quando João Francisco dos Santos, o Dão, desceu de uma moto e efetuou vários disparos na direção do radialista que tombou morto. Dão foi preso no dia seguinte. A partir daí, o que se viu foi uma série de reviravoltas que culminaram com o encerramento das investigações e as impressionantes revelações dadas na entrevista concedida hoje pela delegada do Deicor Sheila Freitas.
A PRIMEIRA VERSÃO DE DÃO
Assim que foi preso, Dão assumiu o crime, mas nunca admitiu haver um mandante. Ao ser questionado sobre os motivos que teria levado ele matar F Gomes, disse que praticou o delito porque o radialista teria dado grande visibilidade a um crime praticado por ele e, supostamente por esse motivo, a justiça teria decidido mantê-lo em regime fechado durante um ano e meio. Apesar de não ter citado inicialmente um mandante, a polícia sempre trabalhou com essa possibilidade
A PRISÃO DE LAÍLSON LOPES, O GORDO DA RODOVIÁRIA
A polícia continuou as investigações, sempre trabalhando com a hipótese de um mandante ou de mandantes para o assassinato de F Gomes. Em uma investigação coordenada pelo delegadoMarcio Delgado Varandas, chegou-se ao nome de Laílson Lopes como, até aquela ocasião, o único mandante do crime. A polícia chegou a Laílson, primeiramente, através da confissão do próprio Dão, que disse em seu segundo depoimento que o Gordo da Rodoviária teria dado quantia em dinheiro para que ele matasse F Gomes. A polícia ainda rastreou uma série de ligações feita entre os dois no dia do crime. A motivação do Gordo seria uma reportagem feita pelo radialista onde ele denunciava negócios ilícitos praticados na loja de celulares de Laílson e do pastor Gilson Neudo. O Gordo encontra-se preso desde o dia 22 de fevereiro de 2011
TRAFICANTE VALDIR: A PISTA FALSA
Na época a polícia ventilou o envolvimento do traficante caicoense Valdir Nascimento, preso em alcaçuz como suposto mandante do crime. Teria sido uma estratégia dos delegados para tirar as atenções do empresário Laílson Lopes.
LAÍLSON RESOLVE FALAR
Em sua entrevista hoje em Caicó a delegada Sheila Freitas foi enfática: “Investimos em Laílson desde o início e ele entregou todo o esquema”. Acuado e se sentindo injustiçado por estar pagando sozinho pela morte de F Gomes, o Gordo revelou que mais pessoas estariam envolvidas no crime. Quem são elas? E o que vamos ver a seguir
OS ACUSADOS E A PARTICIPAÇÃO DE CADA UM NA MORTE DO JORNALISTA
Laílson abriu o bico, mas se disse inocente. Segundo seu depoimento, ele apenas ouviu uma conversa entre os outros acusados que se reuniram para planejar a morte de F Gomes, mas a delegada Sheila provou na entrevista, através de provas técnicas, que Laílson participou sim como um dos autores intelectuais da morte do radialista. Junto com Laílson ela reuniu provas que incriminam mais quatro pessoas. Rivaldo Dantas, Gilson Neudo, Evandro Medeiros e Marcos Antônio de Jesus Moreira. A participação de cada um deles, no consórcio que matou F Gomes, é o que vamos ver a seguir.
ADVOGADO RIVALDO DANTAS
Segundo a delegada, ele é o elo entre os demais acusados. Ele tinha uma ligação antiga com o Ten Cel Moreira, um dos acusados. Rivaldo planejou toda a logística do crime e teria conseguido a arma para que Dão executasse o serviço. Depois do assassinato, ele foi ao encontro de Dão para dar fuga ao homicida. Estava tudo planejado para Dão ir embora de Caicó após matar F Gomes, mas este mudou de ideia e decidiu ficar. O advogado da família de F acredita que Dão se recusou a fugir da cidade por não ter recebido todo o dinheiro acordado pela morte. “Foi aí que a casa caiu”, disse Janduí Fernandes.
PM EVANDRO MEDEIROS
Segundo a delegada, Evandro não teve participação direta na trama para matar F Gomes, mas foi envolvido porque coube a ele dar sumiço a arma do crime. Ainda segundo Sheila, Evandro teria se submetido a isso pela amizade que tinha com Laílson e com o pastor. Ele encontra-se preso no 6º BPM em Caicó. A arma que matou o radialista nunca foi encontrada.
PASTOR GILSON NEUDO
Foi preso em 09 de outubro de 2011 portando grande quantidade de drogas. A motivação para que ele entrasse em sociedade criminosa com a intenção de matar F Gomes foi a mesma de Laílson. Uma reportagem de F Gomes denunciando negócios ilícitos na loja de celulares pertencente a Gilson Neudo e Gordo. Segundo depoimento de Laílson, o pastor Neudo foi o responsável por conseguir três mil reais para completar os dez mil reais cobrados por Dão para matar o radialista. Laílson ainda disse que o plano inicial seria envenenar todos os funcionários da rádio Caicó, onde F. Gomes trabalhava, e que a ideia teria partido do pastor. O plano seria injetar veneno em pães, bolos, sucos entregues diariamente por uma padaria que anuncia na rádio. A ideia foi abortada e os criminosos se focaram tão somente em eliminar o radialista. “Os três mil reais dados pelo pastor para matar F Gomes foram retirados da igreja da qual ele fazia parte", disse Laílson
TEN CEL MARCOS ANTÔNIO DE JESUS MOREIRA
Foi o último dos acusados a ser preso. Segundo a polícia, o Ten Cel Moreira seria o financiador do assassinato. Caberia a ele conseguir sete mil reais para, somados aos três mil do pastor Gilson Neudo, serem entregues a Dão como pagamento pela morte do radialista. Dos dez mil reais que foram prometidos pelo grupo a Dão, a Polícia dá conta de que R$ 8 mil (R$ 3 mil dados por Lailson e outros R$ 5 mil do tenente-coronel Moreira) foram entregues. Moreira teria vendido um triciclo parcelado e dado parte do dinheiro a Rivaldo para repassar ao assassino confesso. A delegada ainda disse que tudo o que foi apurado e dito está comprovado nos autos. “Temos todas as provas necessárias, A intensa comunicação telefônica entre os acusados momentos antes e depois do crime também é uma prova inconteste da ligação de todos com o assassinato de F Gomes", frisou a delegada
CONSIDERAÇÕES E FRASES MARCANTES DITAS NA COLETIVA
Os delegados e o promotor disseram na coletiva que não houve um mandante e sim um ajuntamento de pessoas com a mente voltada para o crime e de alta periculosidade que se reuniram para planejar a morte de F Gomes. Cada um teria o seus motivos, que jamais poderiam ser suficientes para cometer tamanha atrocidade
"Matei Doutor, agora preciso de sua ajuda": De Dão para Rivaldo, logo após assassinar F Gomes
"Dão é um sociopata. Mata por brincadeira": Dra Sheila Freitas, referindo-se ao autor dos disparos que mataram F Gomes
"Dão considerava Rivaldo Dantas um filho": Dra Sheila Freitas,referindo-se a ligação dos acusados
"Acabou, agora será feito justiça": Do pai de F Gomes, após a coletiva
"Os autores intelectuais se reuniram e resolveram matar F. Gomes. Para isso, contrataram Dão". Dra Sheila
Por V&C Artigos e Notícias
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