O que chama a atenção, entretanto, é que tal discurso, na maioria das vezes, é sustentado somente para justificar reforços negativos, enquanto é convenientemente esquecido quando se trata de reforços positivos. Em poucas palavras, quando o momento é de punir e repreender, surgem a hierarquia e a disciplina como valores fundamentais. Quando o momento é de fomentar a ascensão funcional e respeitar direitos, relativismos e flexibilidades aparecem.
Falando especificamente do cultivo da hierarquia, não há como mantê-la adequadamente sem que os policiais sejam promovidos aos postos e graduações nas épocas previstas. Manter por muito tempo um policial em determinado posicionamento funcional é atingir sua motivação, desrespeitar o trabalho prestado à instituição, e permitir a descrença no essencial da organização hierárquica.
No Brasil, há casos de PM’s em que policiais passam mais de vinte anos na mesma graduação, sem falar nas ocasiões em que alguns são privilegiados com promoções em tempos bem mais curtos que a maioria dos seus pares. Nada contra a premiação à excelência e aos destaques: o problema são as distorções que são apresentadas como se excelência e destaque fossem.
Este é um contraponto sempre necessário ao discurso do binômio hierarquia-disciplina: ele serve apenas para repreender ou faz parte do conjunto de valores institucionais, influenciando decisões inclusive no campo de valorização profissional?
Autor: Danillo Ferreira - Tenente da Polícia Militar da Bahia, associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública e graduando em Filosofia pela UEFS-BA.
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