domingo, 5 de dezembro de 2010

Policial que mora em favela não leva arma para casa


Farda do PM é colocada para secar no ventilador ou atrás da geladeira


Muitos policiais militares vivem em favelas dominadas por traficantes e, para proteger a família, são obrigados a fazer vista grossa para os criminosos. Segundo relatos, os PMs tentam viver no anonimato, sem que ninguém descubra sua atividade.
- Os colegas que moram em favela não podem levar arma para casa - afirmou um PM.

O presidente do Clube dos Cabos e Soldados da Polícia Militar, Jorge Lobão, disse que esses PMs "secam a farda no ventilador de casa". Segundo ele, os filhos dos policiais são aconselhados a não comentar com colegas sobre a profissão do pai. Ele afirmou que o ideal é que o PM que vive em favela não trabalhe no batalhão responsável por sua comunidade.


Lobão disse ser complicado o PM manter o seu segredo por muito tempo e, quando é descoberto, ele é submetido a um julgamento por parte dos traficantes, que pode decidir até pela morte ou expulsão da comunidade. Segundo ele, há poucos meses, um policial militar teve que deixar o complexo de favelas de Senador Camará, na zona oeste da capital.
Recentemente, um PM do CFAP (Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças) teve que deixar uma favela da Tijuca, na zona norte, e está morando com a família no quartel.
De acordo com Lobão, o tráfico só costuma permitir que PMs morem em favelas no caso deles serem nascidos e criados e já estarem "enraizados" na comunidade.
Em outubro, dois PMs à paisana e que voltavam de uma festa, foram atacados a tiros na favela de Acari, na zona norte. Eles entraram por engano na comunidade. Um amigo deles acabou morrendo.
Moradoras dessas localidades são expressamente proibidas pelo tráfico de manter relacionamentos amorosos com policiais porque podem ser consideradas informantes (x-9).
O risco ocorre também para integrantes das Forças Armadas. Militares do Exército que participam da ocupação no Complexo do Alemão disseram que seus parentes estão sendo ameaçados por traficantes nas áreas onde vivem.
Nas áreas de milícias, policiais fazem as leis
Se nos redutos do tráfico, policiais procuram ficar no anonimato ou obrigados a fazer "vista grossa", nas áreas dominadas por milícias, eles definem as leis.
Nestes locais, eles exigem que a população e comerciantes paguem taxas de segurança semanais ou mensais. No maior reduto miliciano do Rio, a favela Rio das Pedras, em Jacarepaguá, na zona oeste, os moradores têm que pagar entre R$ 10 e R$ 50. Para os lojistas, o imposto custa entre R$ 50 e R$ 200. Quem não paga, sofre represálias e pode ser expulso da comunidade ou ter seu imóvel subtraído pelo bando.
Os milicianos ainda proíbem o consumo de drogas nas localidades. Quem desrespeita, é espancado e pode até ser morto.


Grifo nosso: Isso é no que dá, ganhar um salário onde a vida vale o que ganhamos. Viva a pec 300!

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