segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

DIÁRIO DE NATAL: “DE GAROTO HUMILDE A COMANDANTE DA PM”


 


Comandante Geral Coronel Araújo
O Diário de Natal deste domingo, 23, apresenta uma matéria completa sobre o Comandante Geral da Polícia Militar do Rio Grande do Norte Coronel Araújo. Acompanhe a seguir a o conteúdo desta matéria:

Ele começou a trabalhar ajudando o pai numa borracharia e hoje é comandante geral da PM do Rio Grande do Norte. Quando menino, estudava história e ficava curioso em conhecer os diversos países que via. Já adulto, visitou a África, a Europa e América Latina. Na infância, caminhava quilômetros para ir à escola, mas, ao crescer, chegou a viajar de navio e avião. A criação humilde e o convívio com os mais diferentes povos ajudaram a moldar o caráter do coronel PM Francisco Canindé de Araújo Silva, cuja característica marcante é a cordialidade. Hoje se diz honrado em ocupar o cargo que exerce e diz: "Acredito que estou onde Deus permitiu e Ele é quem dirá se mereço algo a mais".
Filho do agricultor José Raimundo da Silva e da dona de casa Maria José de Araújo Silva, ele nasceu na cidade de São Bento do Trairi, na região agreste potiguar, em 7 de fevereiro de 1964. Na infância humilde, sua família, que conta com mais quatro irmãos, chegou a passar dificuldades. "Meu pai, mesmo sendo rude para a vida, teve uma certa sabedoria. Decidiu vir para a capital, pois queria que seus filhos se desenvolvessem".

Em 1973, aos 9 anos, Francisco Araújo Silva passou a morar em Natal, no bairro que anteriormente tinha o nome de Peixe Boi (atual Felipe Camarão). "Meu pai veio trabalhar como borracheiro nas Quintas. Eu também trabalhei na borracharia". Mesmo na capital, as dificuldades ainda eram grandes. "Nosso bairro não tinha água encanada nem energia elétrica quando chegamos. Eu estudava à luz de candeeiro. Eu assisti os postes de energia serem colocados ali".

Ele começou a estudar no então Grupo de Estudo 12 de Outubro, no bairro vizinho de Bom Pastor. Estudava em um período e trabalhava na borracharia no outro. "Com as gorjetas que ganhava, ajudava o meu pai a comprar o material escolar. Ele fazia todo esforço possível para que estudássemos". Ainda na adolescência, o coronel fez curso de língua inglesa, no qual se formou em 1982. Araújo Silva ressalta que estudou toda a vida em instituições públicas, mesmo o nível superior.

Foi na adolescência que Araújo Silva diz ter despertado o desejo pela carreira militar. Aos 17 anos, ingressou no Exército e chegou a fazer o curso para oficial da força. "E foi no Exército que se consolidou essa vocação. Tinha uma enorme vontade de ser um oficial da Polícia Militar". Em 1984, passou em primeiro lugar para o concurso de oficial PM do Estado e estudou na academia de Polícia em Pau d'Alho (PB).

EM MOÇAMBIQUE, FEZ PARTE DAS FORÇAS DE PAZ

Já como militar, em 1994, Araújo Silva integrou, juntamente com outros dois brasileiros, a força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) em Moçambique, na África. "Uma das coisas que me marcou nessa viagem foi o fato de estar fazendo, de navio, o trajeto contrário de muitos escravos africanos, como tinha estudado nos livros de História".

Dessa missão, o comandante tirou lições para a sua vida. Uma delas foi tirar a visão de superioridade que tinha de estrangeiros. "Eu achava, naquele tempo, que os americanos e europeus eram mais preparados que nós. Eram uns super-homens. Mas, depois, percebi que os brasileiros eram, na verdade, bem mais desenrolados. Conquistávamos as pessoas com mais facilidade, até mesmo nossos superiores".

Outra lição de vida para Francisco Araújo nessa viagem foi o que ele chama de "visão de vida do moçambicano". "Quando cumprimentávamos os nativos, eles sempre nos recebiam com um enorme sorriso no rosto e diziam logo: amigo brasileiro. E tomei essa visão para mim".

Além dessa viagem, Araújo Silva ainda estudou na Espanha e em Chile. Em ambos os casos, ele teve a oportunidade de conhecer diversos países. "Sempre fui econômico. Juntava parte do que ganhava com a bolsa de estudo e viajava, por conta própria, pelos países". Tais "passeios" lhe renderam algumas realizações pessoais. "Pude conhecer as principais instituições de segurança pública da Europa. Também fui a lugares que quis muito conhecer, como o museu do Louvre, na França. Vi a tumba de Napoleão, o túmulo de Galileu Galilei e de Maquiavel, entrei no Palácio de Versalhes, entre outros pontos turísticos. Emocionava-me em pensar que o menino que andava a pé no Peixe Boi estava ali, conhecendo os lugares onde a humanidade fez história".

RESPEITO POR TODAS AS PATENTES

No topo da carreira como policial militar, Francisco Araújo Silva trata todas as patentes com o devido respeito e dá uma atenção especial aos amigos. "Minha satisfação é ver o sorriso no rosto e o brilho nos olhos da tropa, desde o mais simples soldado ao coronel por estar trabalhando nesta corporação". Ele garante que, mesmo com os seus deveres, consegue descansar nos momentos de folga. "Meu telefone é sempre ligado. Mas consigo conciliar bem o lazer e o meu trabalho".

Entre as atividades de lazer preferidas, Araújo Silva diz gostar bastante de caminhar. "Faço isso nos finais de semana ou mesmo bem cedo da manhã. Caminho duas ou três horas pelas ruas ou pela praia. Sempre sou reconhecido pelas pessoas quando passo. Elas acenam, buzinam, me cumprimentam". Outro passatempo do coronel é ir ao shopping nos finais de semana com a família e amigos.

Casado com Ivonete Ricardo da Silva, mulher com quem namorou desde a adolescência, o coronel Araújo tem duas filhas, Williane, de 22 anos, e Helaís, 19. Uma está se formando no curso de jornalismo e a outra estuda direito. "Disse-lhes que o importante é que elas trabalhem naquilo que lhes faça bem". Araújo se sente ainda mais realizado em poder, hoje, dar melhores condições de vida aos pais, que moram em Parnamirim, região metropolitana de Natal.

Formado em letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Francisco Araújo confessa que pretende, quando entrar para o quadro de reserva da corporação, escrever um livro sobre sua vida. Ele quer contar as experiências pelas quais passou até entrar para a polícia e durante toda a sua carreira.

Questionado se ainda tem algo que pretende realizar, ele afirma que "todo homem tem aquilo que é dado por merecimento por Deus. Quem dirá o que ainda posso ser na vida é o Criador dela". Para o comandante geral da PM, sua fé é uma parte importante da sua vida. Ele diz ser cristão e não ter o costume de frequentar qualquer igreja. "O importante não é só a fé, mas ter o temor de Deus. Se não tiver esse temor, a pessoa se perdenos caminhos da vida. Tenho esse temor e converso bastante com amigos religiosos, como o Monsenhor Lucas, que está em quase todas as ocasiões onde vou".

Por Paulo de Sousa

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